segunda-feira, 7 de julho de 2008

...entre o palácio de S. Bento e um esquife

... contudo pormenores há, detalhes importantes existem que não carecem de debate parlamentar para poderem ser, com propriedade, apreciados. Detalhes importantes já que são o que distinguem o charlatão, o burlão do dignitário íntegro, do político insuspeito, do homem de Estado. A semântica, a arenga, a retórica balofa... Os pleonasmos, os anacolutos de que Sócrates - à defesa e sempre a tentar justificar-se - tanto gosta ... A construção da oratória dele. A semântica do sistema e, pior ainda, do regime.
A política e a politiquice... como se algum destes flibusteiros de pacotilha conseguisse alguma vez sair do charco e subirem à tribuna com o nobre intento de dizer e de servir. É uma absoluta inversão de valores – do cargo, do estatuto que lhe é inerente e do homem que o ocupa. Digo-o porque não é o cargo que confere dimensão ao político.
A crise que não há. A presente situação é de «sérias dificuldades» (sic). As críticas e as dúvidas sobre alguns projectos e investimentos públicos significam «falta de esperança»(sic). O crescimento da economia que «será menor do que pensávamos»(sic). O desequilíbrio das contas públicas que não há: em rigor ficamos a saber que qualquer valor negativo [-3; 0[ é igual a zero – ... é extraordinário. «As novas dificuldades que enfrentamos» - novas?!
Não! Sócrates é que é um charlatão e como qualquer charlatão faz primeiro cria a ilusão e depois face ao despertar da plateia e pressionado pela realidade, que não pára nem lhe solicita autorização, vai a reboque. Reage! e mesmo assim reage mal e, as mais das vezes, tardiamente. Também é explicável (e não deve ser segredo para ninguém) porque é que a reacção é tardia. Tarda porque avaliar as consequências eleitorais leva tempo. Mal porque é muito difícil ter simultaneamente pau e bola.
Sócrates quando desceu o IVA fê-lo de peito inchado e disse – a quem acreditou - «porque a crise está ultrapassada»(sic) sob o efeito do comprimido de ecstasy, que para ele foi a UE ter confirmado um déficit de 2,6%. As dificuldades são novas de/com um ano. Avisaram a AIE (Agência Internacional de Energia), a OCDE, o BM, o Comissário Europeu... respondia (sorrindo) Teixeira dos Santos que «entre os erros deles e os nossos, os deles são bem mais»... por fim a tentativa de estabelecer uma relação entre uma reavaliação de alguns projectos com falta de esperança é mesmo o prenúncio do fim. Não tem uma coisa que ver com a outra. Nem a reavaliação é sinónimo de impedimento nem a reavaliação é de todos os projectos. Donde vem tamanha preocupação e desnorte? para Sócrates e para o PS a prossecução desses projectos são a diferença entre o palácio de S. Bento e um esquife.
Escrito por David Oliveira em Pleitoseapostilas