quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

FALHANÇO ABSOLUTO

O governo falhou. Propositadamente conjugo “falhou”, não “ está a falhar” ou “vem falhando”. Falhou! Na forma imperativa. Categórica. Sem retorno. Este governo já não tem tempo nem condições para inverter o que seja. Mais uma legislatura, como soe dizer-se, à vida. O prestidigitador- mor porque o é, engana, ilude... Mente! O ministro dito da economia secunda-o. Com menos jeito mas secunda-o.
Nos últimos dois anos a indústria portuguesa não se modernizou. É um número dizer-se que “a indústria” de um país se moderniza em 2 anos ou... em quatro. O ano passado, apenas 11% das exportações portuguesas de produtos industriais foram de alta tecnologia. As vendas de produtos básicos continuam a representar o grosso da carteira do comércio externo. Estes dados indicam que a indústria portuguesa está a passar da baixa tecnologia para a média- baixa "qualidade", mas nos últimos dois anos interrompeu o ímpeto para a modernização. O ano passado, Portugal vendeu sofisticação no valor de 3,33 mil milhões de euros e pela mesma categoria de produtos pagou ao estrangeiro cerca de 6,7 mil milhões de euros, cerca de 4,1% da riqueza gerada em 2007. Entre 2001 e 2006 as exportações de alta qualidade industrial aumentaram, em média, 4,7%. O grave é que no mesmo período (2001-2006), o peso dos produtos com baixo teor tecnológico baixou de 44,6% para 35,3% do total das exportações, uma redução anual de quase dois pontos percentuais. Encher a boca disto é o mesmo que encher pneus!
Nada de novo, portanto. É assim porque, em primeiro lugar, a luta contra a inércia, a guerra contra o status quo é tremenda, enorme, gigantesca... em segundo lugar, porque é necessário que haja vontade para a declarar e... fazê- la. Se a necessidade do primeira urge, é vital para a segunda, não encontraram os portugueses nos últimos vinte anos força, para tanto. Hão- de continuar a chafurdar no lameiro em que se atolaram por outros tantos. É que a nossa realidade continua a enfermar de todas ou das mesmas “maleitas” de sempre. Quem o revela, sem papas... é o que Henrique Neto nos conta «A empresa de baterias do Pedro Sena da Silva. A empresa pretendia fornecer as baterias para os submarinos e tem tecnologia e saber para isso. Mas as baterias acabaram por ser encomendadas pelo consórcio vencedor a uma empresa na Grécia. O governo português não mugiu nem tugiu. Acabou por a empresa grega vir a oferecer ao engenheiro Pedro Sena da Silva a montagem das baterias com uma mais valia relativamente elevada. A minha interpretação é que era uma forma de o comprar. Recusou. Há empresários sérios em Portugal... um segundo caso, este vivido pela nossa empresa. A empresa que vendeu os helicópteros, ou uma subsidiária ou uma empresa do grupo que os vendeu, comprava numa empresa do Norte um conjunto de produtos na casa do milhão e meio de euros por ano. Normalmente eram produtos de plástico. Um negócio bastante lucrativo. Acontece que a empresa fechou. Nós sabíamos que a empresa ia fechar e junto da comissão e junto da empresa demos nota de que nós estávamos interessados e que garantíamos os mesmos preços a que eles estavam a comprar. Pois a empresa que vendeu os helicópteros agarrou no negócio e levou-o para Itália. Eu escrevi e expliquei isto ao senhor ministro da Economia há seis meses e nem sequer respondeu. A única coisa que se pode fazer é contar isto a um jornalista para contar a história e os portugueses tirarem daí as necessárias conclusões.»(in CM)
É preciso mais?! não é! como também não é necessário para se saber que tudo continua na mesma contar outros. Que os há! por tudo quanto é sítio.
Sócrates que se tem revelado como um mentiroso compulsivo (reafirmo o que tantas vezes tenho dito – um político não tem de mentir!) disse, altaneiro, num dos debates mensais, Novembro, na AR que já havia sinais de que o investimento estrangeiro estava a recuperar. Eis os sinais:
Os lucros reinvestidos por estrangeiros somam 420 milhões de euros . O investimento directo estrangeiro em Portugal caiu, entre Novembro de 2006 e Outubro do ano passado, 4,6% em relação a igual período imediatamente anterior, de acordo com o BP. Mais de metade do dinheiro que entra em Portugal é para empréstimos ou suprimentos de curto prazo a filiais... uma fatia, ínfima, deste montante - pouco mais de 57 milhões de euros (0,16%) - foi aplicado na constituição de novas empresas. Entre Novembro de 2006 e Outubro de 2007 -, os estrangeiros retiraram do país mais de 24,5 mil milhões de euros, uma média mensal de dois mil milhões de euros. Entre entradas e saídas o saldo, positivo, chegou aos 4 mil milhões de euros, uma quebra de 18,4% em relação a igual período anterior.
Sobre as condições que não temos para aplacar previsíveis ondas de choque que aí vêm resultantes do arrefecimento da economia americana et pour cause da europeia (sem exclusivo da zona euro) é bom conselho ler-se, entre outros, a professora Teodora Cardoso «Portugal não cumpre nenhuma das condições que o tornariam elegível para a adopção de medidas orçamentais expansionistas: tem défices orçamental e externo significativos e um rácio de dívida pública alto e sujeito a uma forte pressão de médio/longo prazo em função dos encargos com transferências (pensões e saúde). Mais importante ainda, o país tem absoluta necessidade de prosseguir as reformas em curso para que a economia possa reentrar numa trajectória de crescimento e de criação de emprego... É geralmente aceite que os países com margem de manobra para o fazer – e esta mede-se sobretudo pelo equilíbrio ou excedente das contas externas – devem procurar compensar o abrandamento nos Estados Unidos estimulando a procura interna»
Entretanto, na vida prática, por onde se semeiam, tratam e colhem as melancias que hão- de comer, os pressupostos, as disposições legais são ignoradas, pacificamente. Um verdadeiro regabofe. Já me redimi quanto ao engano que cometi ao avaliar o presidente do Tribunal de Contas... se para outra coisa não serve, ao menos serve para que imprimamos estas fotografias - vale a pena ler (e registar) a Auditoria ao cumprimento do regime do art. 275.º, DL n.º 59/99, de 2 de Março e se mais paciência não houver – ou por efectiva falta de paciência e tempo ou por nojo, também acontece – reter apenas, às pags.7, as Conclusões e, aí, o 2.1- Quanto ao cumprimento da obrigação legal do art.º 275.º do DL n.º 59/99, de 2 de Março onde, por exemplo, está escrito que «em resultado das verificações efectuadas pelo Tribunal, pode concluir-se que não tem sido devidamente acautelado o cumprimento daquela disposição legal, por uma boa parte das entidades observadas para o efeito. Na verdade, num conjunto de 25 empresas públicas, apenas duas cumpriram integralmente, nos dois anos analisados, o estipulado na lei, o mesmo se podendo dizer do restrito grupo de 6 entidades da Administração Central Directa do Estado, onde apenas uma entidade observou adequadamente aquela obrigação legal.»
Dizem os brasileiros...Salafrários! e escrevo eu que, o termo, consta do Dicionário da Língua Portuguesa – 7ª Edição
Salafrário – patife; safardana; biltre; homem reles...
Escrito por David Oliveira