quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quando eles já falam assim do Chefe Sócrate, a coisa está mesmo moribunda

Armando Ramalho, militante socialista há 35 anos e que na passada semana anunciou a sua candidatura à liderança do PS, escreveu uma carta ao presidente do partido Almeida Santos, a sua “firme convicção” em avançar para a disputa do cargo de secretário-geral. Pede-lhe também que assegure a todos os candidatos “as mesmas condições” e volta a tecer duras críticas às políticas actuais do partido.

“Em conformidade e reclamando o conhecimento das mais torpes entorses à legitimidade e às desfavoráveis condições das candidaturas oponentes ao poder instalado, experiência de uma já longa vida de andanças partidárias, venho junto do meu Caro Presidente pedir a sua especial atenção para que a democracia interna e o respeito que a todos é devido não sejam ofendidos”, pede o candidato.

Logo a seguir, Armando Ramalho diz que o actual primeiro-ministro e secretário-geral do partido, José Sócrates, “parece ter uma luta pessoal com o país, colocando assim em risco a própria soberania nacional”. E dá uma mão cheia exemplos: “os professores não podem ser tidos como simples mandaretes de interesses canhestros”; “as Obras Públicas e o seu absurdo ministro fazem já parte do anedotário nacional, o TGV sem rumo e sem justificação plausível”; “uma classe média mais do que espremida por impostos, pagam os devaneios do despesista Estado”; “as pessoas têm medo de sair à rua à noite (...) e a culpa é a falta meios que o Governo teima em não colocar à disposição destas forças [policiais] por pura obsessão do estafado rigor orçamental”.

Lembra também “a Justiça em bolandas entre Magistrados, Códigos e aplicações de sentenças, que o povo não compreende e dificilmente aceita”; “os mais que sentidos sinais de um Estado sem lei, com o incidente impensável num país da União Europeia, ocorrem na Madeira, perante o desnorte a quem incumbe aplicá-la”; “a privatização anunciada de parte do sistema financeiro é de uma terrível falta de sentido de Estado de Direito” e “a afronta futuro estético da capital do País com projectos sem o mínimo sentido de governo para as pessoas, pondo a recato os interesses privados de duvidosa legitimidade”.

O candidato diz a Almeida Santos que não avança para a corrida pela liderança do PS como uma “cópia de Barack Obama”, até porque diz ter mais dez anos, mas afirma exemplo do presidente eleito dos Estados Unidos significativo. “Cada um deverá encontrar a melhor forma de servir o seu país, e, como ele, não tenho medo.”

Armando Ramalho não é uma figura política conhecida fora do PS, mas no partido quase todos o conhecem pela sua militância activa. Este gestor de 59 anos formado em ciência política já disputou várias eleições distritais e concelhias do partido e participou na elaboração de diversos documentos políticos do PS.