sábado, 1 de novembro de 2008

Bem pregava Frei Cróquetes

Multiplicando-se os telefonemas que o PM desta nação alegadamente “europeia” faz para a comunicação social, torna-se interessante e até recomendável recorrer aos benefícios do “choque tecnológico”, que nos dá a possibilidade de ver e ouvir novamente alguns debates do passado recente na Assembleia da República. Num deles, o líder da oposição dizia isto ao PM da altura, corria o ano de 2004:“...e esse caso não é resolvido pelo seu silêncio. Esse é um caso a que não pode fugir. E é o caso seguinte: é o caso de um ministro do seu governo, que fez uma pressão ilegítima junto de uma estação privada e que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o seu governo. E o senhor primeiro-ministro desculpar-me-á, mas quero dizer-lho com clareza: esse episódio é um episódio indigno de um governo democrático e é um episódio inaceitável. E isso é uma nódoa que o vai perseguir, porque essa nódoa não vai ser apagada facilmente, porque é uma nódoa que fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamento da liberdade de expressão. E peço-lhe, senhor primeiro-ministro: resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí, porque nós cá estaremos para evitar essas tentações.”Assim sendo, estaremos agora entre 1936 e 1937, no início da tentação, ou então este Sócrates não é o mesmo, é outro.

Este mesmo Sócrates que assim pregava na assembleia da Republica, em 2004, é agora o primeiro-ministro de Portugal, que sempre que sai uma notícia que entende não lhe ser favorável, apressa-se a telefonar, disse bem, telefonar os directores dos jornais e aos próprios jornalistas para pedir esclarecimentos (entenda-se) pressionar e de que maneira os autores dos factos noticiados.

Eu já tinha avisado: um tipo como este, que assina projectos por favor, que faz licenciaturas que aceitam exames por fax, mas depois entende que essas universidades já não prestam porque não têm qualidade; um tipo destes que faz seis minutos de propaganda a um computador mentindo compulsivamente dizendo que o mesmo é português - por acaso os renaults montados em Portugal são portugueses?; um tipo assim é perigoso, muito perigoso! estudem o perfil dos grandes ditadores! E depois venham conversar, ou não digam que não estavam avisados.