terça-feira, 18 de março de 2008

Sócrates, o ditador

O maior problema do governo de José Sócrates é a crueldade mal usada. Na análise de Maquiavel, isso é um erro gravíssimo de governo que custa inevitavelmente ao príncipe a sua ruína. A crueldade deve acontecer no início do principado, pode até ser muito grande para que os súbditos não deixem doravante de temer o príncipe, mas tem de ser limitada a esse período inicial e substituída depois pela magnanimidade e liberalidade, a imagem desejada do líder. De outro modo, se persistir, a crueldade será a marca permanente do príncipe.Sócrates tomou conta do Estado em Março de 2005. Pôs em marcha aquilo a que chamou "reformas" em diversos sectores do Estado - nomeadamente, segurança social, saúde, educação, além da continuação da reforma financeira e fiscal do Estado e da segurança social que vinham dos consulados anteriores. E ainda não conseguiu fazer a prometida reforma da administração pública que se ficou por tímidos diplomas (honni soit que mal y pense!...) avulso. Contudo, estas "reformas" socratinas podem ser melhor resumidas numa política de fecho e abandono do interior e de concentração do desenvolvimento na faixa litoral de Viana a Setúbal e nas grandes cidades: fecho de escolas, fecho de hospitais e centros de saúde, fecho de repartições no interior e no mundo rural.Essas "reformas" acarretaram crueldade sobre funcionários públicos, médicos, enfermeiros e doentes, militares, professores e outras classes, cortando benefícios e direitos. Porém, à medida que o tempo foi passando, Sócrates não abrandou esse ímpeto de crueldade, pelo contrário, intensificou-o, de modo que o povo se habituou a esse estilo.No Marketing, dizemos que o reposicionamento de um produto é uma tarefa muito difícil, pois os clientes têm de limpar da sua mente a memória da imagem anterior e substituí-la por uma nova. É muito mais fácil, por isso, a uma empresa lançar um novo produto do que dar a uma nova imagem a um que já exista. Sócrates não conseguirá em tão pouco tempo despegar-se da imagem cruel que promoveu.Quando faltam apenas dezoito meses para as eleições legislativas de 2009, é infrutífera a tentativa de mudança da imagem do ditador cruel para o governante de jugo suave. A situação de iminência de uma crise económica gravíssima, de onde nem sequer saímos desde há sete anos, os cofres vazios e a supervisão da União Europeia nas despesas, não consentem ao primeiro-ministro a magnanimidade da distribuição de dinheiro e bem-estar pelas famílias. A imagem que tem não muda, por mais que procure compor o estilo com falsa humildade e a ajuda dos media de confiança. Para o povo, Sócrates é e será: o ditador, o vingativo, o cruel.

Do blog: portugalprofundo